O ano de 2025 será marcado pela gestão feminina. Tamara Mármore está na presidência. Nanda Rosa segue como vice-presidente e Doris Fontes, tesoureira. A movimentação acontece em um período brasileiro que, segundo o IBGE, mulheres ocupam apenas 39% dos cargos de liderança.
Para Tamara, ser mulher em uma área predominantemente masculina não é um problema, mas uma oportunidade.
“Eu adoro ser uma mulher de exatas, mais ainda de Estatística, e é fato que a maioria das pessoas que me conhecem se surpreendem muito com essa informação. O maior desafio com certeza é a falta de credibilidade. Mas com cuidado, tranquilidade, paciência e a Estatística como ferramenta, depois de ganhar essa credibilidade, é difícil perder”, diz.
Nanda Rosa também tem uma visão positiva. “A presença feminina na liderança traz uma nova perspectiva, mais inclusão, diversidade de pensamento e, principalmente, inspira outras mulheres a acreditarem que é possível ocupar esses espaços de decisão. Isso mostra o quanto ainda temos que avançar, criando oportunidades para outras mulheres que virão depois de nós”, afirma.
Doris cita uma matéria publicada pelo Jornal da USP, em 2018, sobre a grande queda no percentual de mulheres no Bacharelado em Computação do IME-USP. Na primeira turma de 20 formandos (1974), 14 eram mulheres; em 2016, apenas 15% eram mulheres. No Bacharelado em Estatística a realidade é muito similar.
“Eu me formei em 1982, que tinha uns 50% de mulheres. Hoje, há turmas com apenas 1 ou 2 mulheres. Hoje, a Estatística, assim como a Computação, é uma área fortemente ligada à tecnologia e tecnologia é fortemente ligada ao mundo dos games. Meninas não são incentivadas a entrarem nos mundos de games que tem uma predominância de jogos violentos, ou que contém algum tipo de violência. Com esse distanciamento do mundo tecnológico, acredito que as meninas passam a não se interessar, ou se sentirem inadequadas, para exercer profissões muito ligadas à tecnologia. Precisamos lutar muito para reverter esse distanciamento e mostrar aos pais que os desafios tecnológicos são extremamente estimulantes e importantes para as meninas. Nesse sentido, três mulheres na direção de um conselho profissional ligado a um mundo tão tecnológico e matemático podem passar a mensagem que, sim, nós podemos, e devemos, fazer parte desse ambiente”, explica.
Matéria divulgada pela associação Movimento Mulher 360 revela que o avanço da presença feminina nos conselhos corporativos tem promovido transformações significativas no desempenho das empresas. De acordo com um relatório da Bloomberg Intelligence, divulgado recentemente, organizações mais diversas em termos de gênero estão entregando melhores retornos aos acionistas.
“As empresas no topo dos rankings de diversidade de gênero nos mercados desenvolvidos entregaram retornos entre 2% e 5% superiores às com menor diversidade”, destaca o relatório.
Para falar de liderança feminina, a Forbes traz estudos interessantes. O Diversity Matters Even More 2023 – aponta que empresas diversas em termos de gênero mostraram uma tendência financeira 25% melhor do que seus pares. A proporção sobe para 36% em companhias diversas em todos os pilares – como raça e etnia, orientação sexual, deficiências.
O impacto das mulheres vai além do financeiro. Segundo um levantamento da Harvard Business Review, as líderes também se destacam em áreas como comunicação, gestão de crises, desenvolvimento de talentos e promoção de culturas corporativas mais colaborativas e inclusivas.
As CEOs mulheres são melhores avaliadas pelos seus funcionários do que os homens, mostra uma pesquisa da FIA Business School, que analisou respostas de mais de 150 mil funcionários de 150 grandes empresas do país.
Que a gestão dessas mulheres acabe puxando outras e inspirando profissionais dentro e fora do CONRE-3 e de tantas outras organizações pelo país.