Conheça histórias inspiradoras de quem transforma e teve a vida transformada pela Estatística

No dia 29 de maio é comemorado o Dia do Estatístico. Foi nessa data que, em 1936, o Instituto Nacional de Estatística (INE) deu início às suas atividades, ocasião em que determinou a data como celebração da profissão. No ano seguinte, o Conselho Brasileiro de Geografia incorporou-se ao INE e passou a se chamar Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atualmente, notícias boas sobre a carreira não faltam, mas, o que dizer dos profissionais? Como tiveram suas vidas transformadas pela Estatística? Vamos abrir este espaço nesta data tão importante para conhecer histórias inspiradoras de transformação pelo conhecimento estatístico.

Marcelo Ventura 

A Estatística entrou na vida do Marcelo Ventura  por acaso, como ele mesmo diz. Depois de terminar o curso técnico de Processamento de Dados, sabia que não queria trabalhar na área de tecnologia, mas gostava de exatas. Por alguns meses, cursou Física e Estatística ao mesmo tempo (Você leu corretamente. Ele fazia dois cursos de graduação neste período 😊).

A necessidade de trabalhar o fez escolher entre os dois programas. Ficou com a Estatística, pois era noturno. Conheceu cálculo, álgebra linear, análise multivariada. E aproveitou tudo o que era ensinado. Mas foi participando do Sinape (importante evento na área de estatística) que descobriu seu caminho. “O contato com o conhecimento e com profissionais da área me mostraram a amplitude de aplicações do que eu estava aprendendo. Ali, também, eu vi que o caminho para eu ter acesso aos modelos mais avançados, o conhecimento além da graduação, era através da pós-graduação”, conta.

Depois da graduação na ENCE – Escola Nacional de Ciências Estatísticas, no Rio de Janeiro, vieram o mestrado, na Unicamp, o doutorado, na USP, e o sonho realizado: a docência. Hoje, o Professor Marcelo ensina Estatística no curso de Marketing na Escola de Artes, Ciências e Humanidades – EACH, da Universidade de São Paulo – USP. Também é conselheiro do CONRE-3.

“Ensinar Estatística para Humanas foi um aprendizado. Contrariei algumas abordagens rotineiras, desenvolvi um ritmo diferente e consegui construir pontes com os alunos passo a passo a partir da realidade deles”, diz.

Além de ajudar outras pessoas, neste caso, muitos alunos, para o docente, a Estatística também ajuda em outras áreas.

“A Estatística ajuda a desenvolver uma estruturação mental para lidar com probabilidades, incertezas, que servem como pontos de apoio para construir argumentação e discussões em outras áreas como economia ou estratificação social, por exemplo”, explica.

Ventura lembra que conhecer Estatística é importante no mercado de trabalho atual. “Muitas pessoas fazem Estatística porque gostam de sua aplicação. Eu comecei a fazer porque gosto de matemática e o resto foi consequência. Eu gosto de Estatística porque, além de sua grande aplicabilidade, ela é um desafio intelectual. É o que vejo na rapaziada que trabalha com Data Science, que conhece pouco de Estatística e acha que pode resolver tudo com programação. Querem que funcione, mas sem saber o porquê”, explica.

Ao final da conversa, quando questionado sobre como seria sua vida sem a Estatística, o professor pensa por alguns segundos antes de responder:

“Eu não faço ideia como seria a minha forma de avaliar incerteza, decisão, se não tivesse estudado Estatística. Não incluiria uma boa parte da racionalização do processo de tomada de decisão e interpretação de realidade que eu tenho hoje nos âmbitos profissional e pessoal”, revela.

 

Adriana Silva

Formada em Estatística pela Unesp, de Presidente Prudente, e mestra em Ciências pela Esalq/USP, Adriana Silva é uma mulher em muitas. Conhecida por suas aulas divertidas e esclarecedoras, segue presente em importantes eventos da área de Ciência de Dados, já foi pauta de renomados veículos de comunicação e auxilia até mesmo quem nunca teve contato próximo com números e tecnologia.

Ela lidera a ASN.Rocks, empresa de consultoria e treinamento na área ciência de dados e inteligência artificial super aplicada ao mercado. Mantém o famoso Projeto Data Revolution, que leva conhecimentos práticos por todo o Brasil a alunos de Estatística e demais interessados em quatro dias de imersão total. O programa é oferecido gratuitamente e mantido por doações. E para levantar essa verba, Adriana precisa cuidar das campanhas. Ela ainda ministra palestras em eventos e é professora da pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas – FGV. Ah, é também conselheira do CONRE-3.

Quem conhece a rotina e versatilidade desta Cientista de Dados fica se perguntando como é possível manter tantas atividades e ainda receber elogios em cada uma delas? “A Estatística me ensinou tudo isso”, afirma.

“Depois que você aprende a Estatística de verdade e vê as possibilidades de mudança, quer transformar todos o tempo inteiro. Precisa estudar muito, pois a Estatística não deixa você se acomodar. Ela me faz pensar nas habilidades de comunicação, porque preciso saber falar com as pessoas; me faz desenvolver a didática, visto ser importante saber explicar as técnicas de uma forma simples; permite a melhor gestão do meu dinheiro e da rotina da casa. Ela influenciou o jeito que meu cérebro pensa quando falo em otimização do tempo”, explica.

Trajetória

Adriana Silva começou a graduação em Estatística por indicação do coordenador do colégio onde estudava. Ela conta sobre o desafio de ser tímida e querer seguir a carreira docente em Matemática. Mas a mãe, professora, não queria que a filha seguisse por esse caminho por conta da desvalorização profissional, muitas vezes enfrentada no país. E a Estatística poderia oferecer os dois caminhos: a carreira docente e as oportunidades de aplicação nos negócios. E assim ela fez.

Na graduação, ajudou a organizar o Eneste – Encontro Nacional dos Estudantes de Estatística, em 2008. Teve contato com diversos profissionais da área, entre eles, os da empresa SAS, que, mais tarde, a convidaram para desenvolver projetos por lá.

Do bacharelado foi para o Mestrado e viu seu sonho estar cada vez mais próximo, mas precisava de uma bolsa de estudos para se manter financeiramente. Estudou muito, segundo ela mesma conta, e conseguiu uma das três bolsas existentes. Foi nessa época que, por sua atuação no Eneste, foi convidada para trabalhar no SAS, na área de eventos, e surgiu a possibilidade de estar perto da docência.

“Eu me apaixonei pelo trabalho no SAS. Aprendi muito. Vi a Estatística e seus efeitos na vida real. Eles precisam resolver problemas diferentes e para cada um há uma técnica, uma forma de resolver. E enquanto estava no SAS, uma professora da FIA – Fundação Instituto de Administração me convidou para ser monitora de uma turma e, no final da monitoria, consegui a vaga para ser professora”, conta.

 

Aprendizado Estatístico

E aí o caminho estava traçado para o que conhecemos hoje. Adriana ainda passou por empresas como Kantar, Abril Big Data, Oracle e presidência do CONRE-3. A experiência dos negócios está na sala de aula. Quem foi aluno ou assistiu a alguma palestra de Adriana vê a sua alegria em ensinar e se diverte ao mesmo tempo em que aprende. Questionada sobre o seu segredo, ela responde:

“Tive ótimos professores que me transformaram. Um deles foi o Professor Mario Tarumoto, na Unesp. Ele me fazia raciocinar a teoria com aplicações práticas.  E uso essa técnica nas minhas aulas. Para que serve uma média? O que são a variância e o desvio padrão? Entendi que antes de ensinar devo fazer o aluno pensar. Uso também minha experiência enquanto aluna. Depois de tudo o que a Estatística me ensinou, vejo que é preciso se colocar no lugar do aluno e entender que não existe pergunta ruim. ‘Não carregue a dúvida, faça perguntas’, digo a eles. E por fim, fiz muitos cursos de aperfeiçoamento. Estudar é o caminho para ser melhor a cada dia”, finaliza.

 

Andrew da Costa

A história do Andrew pode ser inspiradora para quem está infeliz em sua graduação ou em dúvidas, mas tem medo de mudar. Se este é o seu caso, leia esta matéria até o final.

O Andrew cursava História na Unicamp, a Universidade Estadual de Campinas. Queria entender o processo histórico das transformações na sociedade e queria ser professor para promover a mudança pela educação dos jovens.

Mas também tinha interesse pela área de exatas. Por um tempo, pensou em Matemática e Estatística. Por curiosidade participou de uma disciplina chamada “Introdução à Estatística”, ministrada para auxiliar alunos da área da saúde. A curiosidade se tornou objetivo e depois de um novo vestibular, Andrew deu início à graduação em Estatística.

“Quando entrei foi um baque, porque estava há tempos sem estudar cálculos, mas tomei bastante gosto pela Estatística por sua aplicação. Ali eu pude ver como poderia fazer as coisas de maneira diferente. Ela me forneceu subsídios para enxergar o que preciso levar em conta ao tomar minhas decisões”.

Organização para a mudança

Para se manter financeiramente, Andrew trabalhava em um bar, mas as aulas exigiam mais tempo de estudo. Neste momento, uma conversa sincera com a família foi fundamental.

“Acredito que o medo da mudança radical venha da possibilidade de você errar de novo e de ter problemas financeiros. Eu tive sorte de ter uma família que me deu suporte em meu momento de transição, que durou um ano. Depois disso, busquei pelas bolsas de auxílio e comecei a fazer Iniciação Científica e Monitoria. Logo chegou o estágio. Meu conselho para quem está pensando em mudar é conversar com pessoas da área para entender a profissão e o mercado e alinhar tudo isso com seu objetivo de vida. É preciso enxergar em que momento você está da vida e aonde você quer chegar. Pode parecer difícil para quem está condicionado a uma rotina. Você vai sair da zona conforto, mas com organização é possível encarar”, relata.

A Estatística mudou a perspectiva de vida de Andrew. O foco, antes apenas na docência, deu lugar a novas possibilidades.

“É uma ciência que não se fecha em si própria. Ela também te dá liberdade de escolha e permite encontrar as joias dos dados em múltiplas ciências. Tenho muita gratidão por ter me formado neste curso e tento dar o meu melhor em meu ramo de trabalho para instrumentalizar as pessoas, deixá-las cientes sobre os dados e o que é possível enxergar neles”, revela.

Hoje, Andrew atua no setor de novos produtos na indústria farmacêutica União Química Nacional. Seu trabalho é muito importante, pois está ligado ao desenvolvimento de métodos analíticos que garantam a confiabilidade das análises de controle de qualidade. Também auxilia no setor farmacotécnico, passando pelo conhecimento de todo o processo produtivo antes e durante a produção de um medicamento.

O sonho da docência também foi realizado. Atualmente, ele é professor de Estatística da pós-graduação no Instituto Racine, que oferece programas educacionais a profissionais da indústria farmacêutica.

A história de Andrew mostra que curiosidade e disposição para vencer o medo e a dúvida podem levar as pessoas às grandes transformações, no caso da Estatística, como ele mesmo diz, “às infinitas possibilidades” 😊.

 

Fernanda Cardoso Rosa Gonçalves

Quem conhece a Fernanda hoje, carinhosa e divertida, pode não imaginar que ela tem uma história com a Estatística marcada pela coragem de recomeçar. Um exemplo para quem está estável na carreira, mas há tempos deseja uma mudança radical.

Com habilidade para os números, sempre se interessou por ciências exatas e por isso foi cursar Matemática. Com a graduação em andamento e há três anos trabalhando no INCOR (Instituto do Coração de São Paulo), ela foi transferida para a área de Pesquisa e Criação de Indicadores. O contato com a Bioestatística a fez pensar em mudança.

“Confesso que foi amor à primeira vista, pois além de eu poder criar meus cálculos malucos ainda descobri um leque de possibilidades de me embriagar demasiadamente em análises complexas e entendi que ‘o céu era o limite’. Considero um grande divisor de águas na minha vida e não tive dúvidas: decidi cursar Estatística!”, revela.

O caminho do recomeço

Entrar em uma segunda graduação e conseguir estabilidade na carreira significa se dedicar às aulas por mais quatro anos e voltar à busca por um estágio para ganhar experiência. Mas Fernanda nem deu bola para as dificuldades pois tinha uma visão diferente para a situação.

“Pedi exoneração, voltei a ser estagiária, recomecei do zero. Com essa decisão tive a oportunidade de aprender a importância de cada dado coletado e que, muitas vezes, o que parece ser incerto traz respostas surpreendentes quando visto de uma outra perspectiva”, explica.

E aí o caminho teve nova direção. Fernanda trabalhou em atividades relacionadas a banco de dados nas áreas de saúde pública, seguros, previdência privada, cartões de crédito, pesquisas mercadológicas e Costumer Relationship Managment (CRM).

“Passei por empresas de grande porte, multinacionais, consultorias de bens de consumo, empresa de telefonia. Sempre mantive o foco na melhoria contínua da qualidade dos dados, atualização e escolha das variáveis de importância para a realização de estudos, criação de demandas, tratamento dos diversos processos da área de pesquisas, construção e elaboração de indicadores econômicos e socioeconômicos. A partir deste contexto, foquei minhas atividades em análises de grandes bancos de dados, marketing, captação de recursos e inteligência competitiva e estratégia de negócios. Nas palestras que realizo, procuro sempre mostrar um lado divertido e prático de como utilizar as informações geradas diariamente de uma forma simples e direta!”, conta.

Resultados da Organização Pessoal e Profissional

Fernanda acredita que suas ações no presente é que vão determinar seu futuro, por isso pauta sua vida de uma maneira que consiga se organizar para obter benefícios pessoais e profissionais.

“O futuro é o reflexo de tudo o que eu estou semeando hoje. Dessa forma, acredito que o autoconhecimento e a dedicação aos estudos ao longo da minha trajetória terão implicações diretas em minha vida pessoal e profissional”, diz.

A prova está nos resultados atuais. Aos 41 anos, Fernanda acumula quatro pós-graduações: Estatística para Marketing (FGV), Gestão de Marketing de Serviços (FAAP), Gestão de Pequenos Negócios (FGV) e MBA in Business Analytics-Big Data (FGV). Atualmente é Especialista em Banco de Dados na MAN Latim América, casada e mãe da Francies Christine, de 10 anos.

Sempre com muito bom humor, Fernanda sorri ao contar que a única dificuldade vem do desconhecimento da profissão, mesmo tão valorizada no mercado.

“Até hoje quando comento que sou ‘Estatística’, me deparo com situações inusitadas. A que lidera é quando confundem Estatística com Esteticista e me pedem orçamentos para fazer limpeza de pele”, conta.

O que Fernanda escuta é prática comum. Uma reportagem da Revista Exame listou as 10 profissões que não são facilmente compreendidas por todas as gerações. Entre elas está a Ciência de Dados, carreira ocupada por Estatísticos, na terceira posição.

Neste ponto, o CONRE-3 promove uma série de atividades que atuam na divulgação e valorização da profissão e Fernanda segue determinada em ser parte desta história. Eleita em 2016 e reeleita em 2020, Fernanda é Conselheira do CONRE-3 e participa ativamente de projetos e eventos acadêmicos para pesquisadores, profissionais e estudantes de todo o Brasil.

“Sou motivada por grandes desafios…e uma louca apaixonada por estatística!”, finaliza.

Depois de conhecer estas histórias, uma coisa é certa: a estatística também pode mudar a sua vida e uma sociedade ao seu redor! Venha conosco e saiba mais. Clique aqui e veja a mensagem de Doris Fontes, Presidente do CONRE-3

Homenagem: Como a Estatística transformou a minha vida?